Acordei! Fiquei de manha me enroscando nos lençóis enquanto tentava criar coragem para levantar...
Depois do momento gatinha manhosa abri os olhos num sorriso e logo pensei: - Será que realmente aconteceu?! Eu não acreditava que pela primeira vez em toda minha vida, as coisas começavam a dar certo para mim. Busquei por Anna em meu quarto para que pudéssemos fofocar mais um pouco, mas pelo vista ela já havia ido embora.
Sem mais delongas tratei de tomar um banho, e em sendo este um dia especial decidi encher a banheira. Fiquei “cozinhando” na banheira por um bom tempo, coberta de espuma dos pés a cabeça.
Depois que saí do banho e me arrumei, desci para tomar café da manhã com minha família que aguardava à mesa. Meu estado de euforia era notado por meus pais que ficaram animados em me ver daquele jeito...
Entre uma torradinha e outra, uma fatia de bolo aqui e acolá, Mamãe resolveu perguntar a respeito da minha noite, eu sem graça e tentando conter o esboço de um sorriso, afirmei ter sido muito boa, mas não tive coragem que contar maiores detalhes ali na frente de Papai. Pairou neste instante um silêncio gostoso de ouvir, eu conseguia escutar a felicidade que meus pais sentiam me vendo tão radiante e ao mesmo tempo ouvia o estrondo dos trovões impacientes dentro do meu peito, ansiosos por um telefonema.
O sábado tinha começado do jeito que eu gosto! Ruas tranquilas, crianças brincando, a brisa leve assanhava as folhas das árvores e eu observava tudo da sacada da janela do meu quarto, porém a única coisa que me incomodava era o fato de o telefone não tocar!
Já passava das dez horas da manhã e me era inconcebível a idéia de que depois de tudo que acontecera na noite passada nada fosse levado em conta. Minha vontade era pegar o telefone e ligar, mas fiquei me segurando para não dar o braço a torcer, eu tinha que ter certeza de que estava mudando, mas não somente por fora...
Andei por toda a casa, desinquieta! No sofá da sala ou no quarto, a hora passava e a angústia da espera me consumia ainda mais, como uma espécie de tortura medieval ou coisa melhor elaborada, talvez!
Mamãe percebeu minha aflição e aproveitando-se do seu dia de folga, e também do fato de que meu pai já havia saído para o trabalho, me chamou para ter uma daquelas conversas de mulher que durou bastante tempo. Foi então que contei para ela o tinha rolado na noite passada, ouvi desde votos de felicidades (felicidades para algo que nem começou?!), até conselhos sobre sexo (calma aí! Minutos atrás eu era quase uma freira!). Expliquei, portanto que estava aflita por não ter recebido sequer uma ligação, foi quando de repente soou o toque da campainha, fui atender a porta e quando abri me deparei com uma belíssima e aveludada flor cor-de-rosa. Reymond me brindava com uma rosa, com a flor estendida em minha direção fazendo uma linha de perfeito cavalheiro.
Fiquei embasbacada na frente dele, sem saber se o convidada para entrar, se o abraçava, se o beijava, ou se chorava de felicidade. Um turbilhão de sentimento fez confusão em minha cabeça, mas achei melhor optar pelo que mais sensato seria a fazer naquele momento, então o convidei para entrar e o apresentei a minha mãe, que entendendo a situação tratou de se retirar discretamente nos deixando a sós para melhor conversar.
Eu nunca imaginaria que aquele cara fosse agir desta maneira comigo, um gesto tão espontâneo que fez com que eu me sentisse plena e pelo visto ele estava começando a ficar parado na minha. Como já não era de se esperar a conversa durou muito e ao final ele se despediu e eu o acompanhei até a saída.
Parados em frente a minha casa nós não sabíamos o que fazer, eu dei um tchauzinho e me virei, mas foi aí que ele fez o que tanto esperava. Me chamando pelo nome ele segurou em uma de minhas mãos, olhou fundo nos meus olhos e me roubou um beijo, dizendo em seguida: - A gente se vê!
Depois disso meu sábado foi maravilhoso, tudo que fiz no decorrer do dia fluiu muito bem! As coisas estavam dando certo para mim! Melhor era não festejar antes da hora para não me decepcionar, mas acho que estávamos começando a nos envolver.